terça-feira, 14 de julho de 2015

RIO EM GUERRA CVI

 SOBRE AS UPPS

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)


É louvável o esforço de parte da mídia para manter acesa a chama das UPPs. Mesmo não podendo evitar a divulgação de notícias ruins, como fizeram recentemente em matérias sucessivas, - às quais me reportei em comentários, - o poderoso sistema midiático não se cansa de utilizar a imaginação e o apoio de meia dúzia de agraciados do mundo acadêmico ou da própria PMERJ (“especialistas em segurança pública”) para produzir, do nada, boas notícias atribuindo-as às UPPs, em espécie de contrapartida de notícias nada alvissareiras que não mais se pode evitar divulgar, mesmo assim pondo na algibeira intelectual de terceiros. No fim de contas, não há mais como ignorar a realidade, e nada é mais importante para a imprensa que o ineditismo, e os fatos (mortes e ferimentos em massa de PMs das UPPs) são mais poderosos que suas versões, e não podem ser ocultados o tempo todo...

Mas o tempo escorre, e já estamos no limiar das Olimpíadas, esquecida a poluição da baía de Guanabara e da lagoa Rodrigo de Freitas, sem falar de outros problemas estruturais que ameaçam de longe o evento. Mas tudo será contornado, tal como aconteceu com a Copa do Mundo, sendo fácil atualmente se saber por que os problemas foram ignorados por seus principais patrocinadores do mundo futebolístico... Vamos ver então como ficarão as UPPs depois de encerrados os eventos olímpicos...

Arrisco-me aqui a prognosticar que as notícias ruins predominarão, mas os protagonistas políticos de ontem e de hoje já estarão em paragens mais amenas e não darão colo às UPPs. Ficará a briosa, portanto, no seu eterno beco sem saída, matando e morrendo, enquanto seus velhos exploradores riem de longe. Será que a atual gestão fardada não vê isto? Não vê que a PMERJ tornou aos tempos coloniais?...

Insisto, porém, que as UPPs podem dar certo, desde que assumidas com suas reais e preocupantes consequências, e a principal delas é a concentração volumosa e permanente de efetivos na contramão da finalidade geral da corporação, que é a preventiva e direcionada indistintamente a todos os cidadãos cariocas e fluminenses, ricos e pobres, favelados ou abastados. Vencer esta mudança do modelo de pulverização da tropa no terreno com máxima frequência para outro privilegiando tão-somente algumas comunidades em detrimento de centenas de outras semelhantes será tarefa hercúlea e quiçá impossível (será que as comunidades com UPP se sentem privilegiadas?...).

Mas não é o fim de tudo, a corporação tem sete vidas e pode retomar seu modelo original para atuar servindo a todos numa dinâmica capaz aquecer o termômetro da sensação de segurança. Porém isto somente se consegue com a população vendo a briosa circular preventivamente em tudo que é canto e agindo repressivamente, de imediato, contra os criminosos mais afoitos. Estes, por seu lado, sentirão o inverso (a insegurança) ao perceberem que podem ser alcançados por uma polícia ativa em todas as ruas, quarteirões, bairros, cidades, florestas, rios, praias etc. Para tanto, repiso, é necessário investir em meios materiais e humanos, e, principalmente, há de se gastar gasolina, sem mais fingimento de visibilidade a partir de viaturas estacionadas em pontos de grande circulação de veículos, para serem vistas em falsa impressão de presença. Na verdade, estão passivas, e não é assim que deve ser a eficiência da briosa.

Enfim, como dizia Henry Ford: “Tudo que deve ser feito deve ser bem feito”. E para fazer e refazer bem feito a PMERJ deve tornar à origem, que é a Carta Magna, e ler atentamente a missão, que é a de polícia administrativa de manutenção da ordem pública, predominantemente preventiva e excepcionalmente repressiva, o que implica assumir como sua responsabilidade toda a floresta sem se ocultar atrás de uma só árvore. E se engana que pensa que o povo é tolo e “não vê a árvore que o sábio vê” (William Blake), ou excogita que “a árvore impede de ver a floresta” (Provérbio alemão). Em contrário, o povo é sábio e enxerga bem, vantagem para a PMERJ, porque "os cães ladram e a caravana passa", e esta é a PMERJ, "a caravana" que passa há mais de 200 anos deixando para trás os raivosos cães que a tentam destroçar de caminho com seus dentes afiados.





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