Retrospecto das UPPs II
“O mundo está
perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa
dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Alb’ert Einstein)
"Do G1 Rio, em 10/07/2015 06h26 - Atualizado em 10/07/2015 07h40
'A vida da minha filha foi
destruída', diz viúva de PM morto em UPP no Rio
Filha de policial pediu para comemorar aniversário
em cemitério.
Comissão atende psicologicamente feridos e famílias de mortos.
Henrique Coelho
Filha de capitão de UPP morto fez desenho mostrando enterro do pai( Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
“A vida da minha filha foi destruída”, afirma
Bianca Silva, viúva do capitão Uanderson
Manoel da Silva, comandante da UPP Nova Brasília, no conjunto de
favelas do Alemão, morto em setembro de 2014. A morte do pai afetou muito a
vida de Maria Beatriz da Silva, hoje com oito anos. A menina é uma das muitas
pessoas que sofrem para superar o trauma de ter perdido ou ter algum parente
policial ferido em áreas de UPP.
O G1 iniciou nesta quinta-feira (9) uma série de três reportagens para contar a história dos policiais que morreram dentro de comunidades que contam com a presença de UPPs no Rio.
"Ela tem passado por psicólogos, mas não melhora. Me bate, me morde, surta e depois chora muito, arrependida. Estou muito nervosa", relata. Bianca diz que a filha, de acordo com psicólogos, desenvolveu transtorno opositor desafiador. "Ela tem dificuldade para aceitar ordens, e diz que morre de medo que eu morra", conta.
As lembranças do dia do enterro foram
traduzidas num desenho (confira
acima), e ainda emocionam Bianca."No dia do enterro, ela
pedia: levanta, papai, levanta!", conta ela. Em outubro do ano passado,
pouco mais de um mês depois da morte de Uanderson, Maria Beatriz não quis saber
de comemorar o aniversário com festa e presentes. O endereço da comemoração foi
o Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
'Ela fez questão de ir para o cemitério. As
velas do bolo foram apagadas em cima do caixão do pai", conta Bianca.
A Divisão de Homicídios investiga a
possibilidade, dada como “quase certa” internamente, de o tiro fatal ter sido
disparado por um policial da própria equipe comandada por Uanderson Manuel da
Silva. Os resultados dos laudos devem ser apresentados juntamente com os casos
de Elizabeth Alves e Eduardo de Jesus, que
morreram nos dias 1 e 2 de abril no morro do Alemão.
Acompanhamento
Maria Rosalina, de 74 anos, mãe da soldado da UPP Parque Proletário Alda Rafael Castilho, morta em fevereiro de 2014, afirma que não recebeu ajuda da PM após a morte da filha.
Uanderson foi o primeiro comandante de UPP a morrer no Rio (Foto: Arquivo Pessoal)
"Tenho acompanhamento de psicólogo porque meu
patrão me paga", diz a empregada doméstica. "Eu tinha muito medo, mas
ela nunca teve. No dia em que ela morreu, ela me disse quando chegou na base:
'Estou aqui, um beijo'. E nunca mais falei com ela", lembra ela,
emocionada.
De acordo com o boletim disciplinar interno do dia 19 de março de 2014, Alda Rafael Castilho e Marcelo Gilliard da Silva Miranda foram atingidos por disparos de arma de fogo que atingiram o container 1 da UPP. No mesmo confronto, dois moradores ficaram feridos.
De acordo com o boletim disciplinar interno do dia 19 de março de 2014, Alda Rafael Castilho e Marcelo Gilliard da Silva Miranda foram atingidos por disparos de arma de fogo que atingiram o container 1 da UPP. No mesmo confronto, dois moradores ficaram feridos.
Tanto Maria Rosalina quanto Bianca receberam assistência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, presidida por Marcelo Freixo (PSOL).
"Querem colocar os direitos humanos contra a atividade policial, e não é esse o objetivo. [O objetivo] É garantir que o direito de todos, inclusive dos policiais, seja respeitado. Se o policial fizer bem o seu trabalho, tem de ser aplaudido. Se fizer mal ou cometer algum desvio de conduta, ele tem de ser afastado, e caso seja condenado, preso", afirmou o deputado.
'Estou vivo por milagre'
Peterson Alves, policial da UPP Camarista Méier, morava perto do local de trabalho. Ele estava entrando em uma farmácia para comprar um remédio para a filha quando foi surpreendido por criminosos.
"Levei um tiro no tórax. No hospital, soube que tinha perdido um pedaço do fígado e rasgado o estômago e perfurado meu peito saindo atrás do braço esquerdo. Por incrível que pareça não perdi o movimento do braço", relata ele, que fez uma tatuagem para relembrar o dia em que "renasceu" para a profissão: 18 de julho de 2014.
Poucos dias antes, Anderson Carolino, ex-UPP
Jacarezinho, estava próximo à sede da unidade quando levou uma pancada na parte
de trás de seu carro. Ao sair do veículo, levou um tiro no abdome que o fez ser
internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Central da Polícia
Militar. "Tive seis órgãos afetados. Tirei baço e vesícula, e por ter
ficado sem me alimentar por três meses, emagreci 20 quilos. Tendo perdido
tantos amigos e passando por tantas privações, foi difícil. Estou vivo por
milagre", conta. Até a publicação desta reportagem, Carolino ainda não
havia voltado a atuar como policial militar.
Comissão atende familiares e feridos
A Comissão de Atendimento a Policiais Feridos das UPPs recebeu, em 2014, pelo menos 90 casos de policiais feridos e mortos, 40 deles apenas entre a criação do projeto, em setembro, e dezembro de 2014. Pelo menos 30 destes 90 casos foram referentes ao Alemão.
Segundo os dados da comissão, foram atendidos
23 policiais por disparos de arma de fogo em março de 2015. Três das sete
mortes em unidades de polícia pacificadora em 2015 ocorreram entre os dias 6 e
14 de março.
Peterson e Carolino foram apenas dois dos casos atendidos pela equipe formada por seis policiais, formados em psicologia ou serviço social. Segundo os próprios integrantes da comissão, os trabalhos são focados em um olhar mais social e mais crítico com relação à instituição e ao trabalho dos policiais.
"O paradigma da violência é muito
difícil de tirar da cabeça da sociedade, até porque o policial reflete a
sociedade que o rodeia. É difícil você manter a serenidade em uma área
conflagrada", explica Francisco Guimarães, psicólogo de 32 anos, que
trabalhou por quatro anos na UPP Vila Cruzeiro.
Entre as maiores dificuldades, segundo a
assistente social Pamela Themudo, estão os gastos mais contidos devido à crise
orçamentária no estado, além do componente emocional. “Temos que tentar não nos
apegar, porque senão não trabalhamos direito. Mas nosso trabalho é desenvolver
a empatia, apesar das dificuldades dentro da corporação”, avalia ela, antes de
atender à mais uma ligação da família de um policial ferido.
MEU COMENTÁRIO
Esta é a segunda matéria da lavra do
jornalista Henrique Coelho, de forte apelo emocional, porém maculada pela
estupidez dum deputado estadual que se enfiou no assunto para desmerecer mais
uma vez a corporação PM, mesmo quando se trata da morte por assassinato em
tocaia de vários PMs de UPPs, sem destaque de posto ou graduação, isto é
irrelevante no meu modo de ver, o importante é lembrar que foram mortos por traficantes em locais "pacificados" por UPPs...
Mas o estúpido parlamentar, - em vez de se limitar a dizer que “assiste”
as famílias dos PMs assassinados (não sei como ele o faz, creio que isto não passe de cascata), o estúpido parlamentar insere na matéria sua maliciosa insinuação, para ser coerente
com a sua verdadeira causa, que é a de menoscabar a PMERJ sempre que possa:
(“Tanto Maria Rosalina quanto Bianca receberam
assistência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio,
presidida por Marcelo Freixo (PSOL).
"Querem colocar os direitos humanos contra a
atividade policial, e não é esse o objetivo. [O objetivo] É garantir que o
direito de todos, inclusive dos policiais, seja respeitado. Se o policial fizer
bem o seu trabalho, tem de ser aplaudido. Se fizer mal ou cometer algum desvio
de conduta, ele tem de ser afastado, e caso seja condenado, preso",
afirmou o deputado.)
Não vou comentar sobre as estatísticas nem
sobre a natural indignação dos familiares dos companheiros assassinados. Esse
deputado do PSOL esgotou minha inspiração com suas declarações enviesadas, como
sempre faz, aliás. Prendo-me então a ele para dizer que lamento viver numa
sociedade destinada a aplaudir personagens como esse deputado estadual, que
lembra a figura de um abutre a se deliciar de corpos humanos como se fora carniça.
Ah, ele não me engana a mim, e é o que me basta em vista desta segunda matéria
de uma sequência de três, segundo nos informa o Jornal! Lamento também pela
fraqueza ou má intenção do jornalista ao forçar a demonstração do lado ruim da
corporação (como se todos da mídia e da política fossem santos) em meio a
assunto tão trágico para a Família PM. Espero, porém, que ele mude o seu tom
ambíguo no próximo capítulo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário