quarta-feira, 20 de maio de 2015

RIO EM GUERRA LXXIII


“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

Do G1 Rio

20/05/2015 06h41 - Atualizado em 20/05/2015 06h41
Dois policiais militares são baleados em comunidades com UPPs no Rio

André Luiz Bezerra levou um tiro no peito na Favela do Rato Molhado.

Anderson Duarte foi baleado na perna no Morro São João.
Dois policiais militares foram baleados na noite desta terça-feira (20) em duas comunidades do Rio. O soldado André Luiz Bezerra levou um tiro no peito na Favela do Rato Molhado, no Jacaré, no Subúrbio. Ele trabalha na UPP do Jacarezinho e foi levado em estado grave para o Hospital Salgado Filho, no Méier. Até o horário de publicação desta reportagem não havia informação sobre o seu estado de saúde.

No Morro São João, na Zona Norte, que também tem UPP, o sargento Anderson Duarte foi baleado na perna. Como mostrou o Bom Dia Rio, ele foi socorrido no Hospital Salgado Filho e passa bem.


G1 Rio
20/05/2015 11h05 - Atualizado em 20/05/2015 13h46
Polícia faz perícia em trecho da Lagoa, no Rio, onde médico foi esfaqueado

Jaime Gold foi ferido na noite de terça (19) e não resistiu aos ferimentos.

Segundo testemunhas, dois adolescentes o atacaram na ciclovia.


Agentes da Polícia Civil faziam por volta das 11h desta quarta-feira (20) uma perícia no local onde o médico Jaime Gold, de 57 anos, foi esfaqueado na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, na terça-feira (19).

De acordo com a polícia, a vítima andava de bicicleta quando foi abordada por dois adolescentes. Mesmo sem reagir, o cardiologista foi atacado na barriga e no braço. Ele morava em Ipanema com um casal de filhos.

Segundo o delegado André Leiras, que participou na perícia nesta manhã, após a confirmação da morte do médico, as investigações ficaram a cargo da DH. "A Divisão de Homicídios agora assumiu a função investigativa. A 15ª DP já passou tudo para a gente. Ainda hoje vamos analisar as imagens das câmeras de segurança", afirmou o delegado.

O roubo aconteceu pouco depois das 19h30 da noite de terça, quando ainda havia bastante movimento na região. Os supostos menores fugiram levando a bicicleta.

Imagens gravadas por celular mostram o momento em que o ciclista foi socorrido por homens do Corpo de Bombeiros. O vídeo, enviado por Whatsapp pelo funcionário público Frederico Berger, de 45 anos, flagrou o socorro ao médico, que foi levado para a ambulância aparentemente desorientado, com os olhos abertos. Uma grande mancha de sangue ficou no asfalto da ciclovia.

"Ele perdeu muito sangue. Levou uma facada um pouco abaixo do peito", contou. "Disseram que ele passa sempre ali de bicicleta", acrescentou Berger.

Jaime Gold teve vários ferimentos na barriga e nos braços e estava internado no Hospital Miguel Couto, na Gávea, onde foi operado e não resistiu.

Segurança reforçada

Segundo informações do coronel Joseli Candido da Silva, comandante do 23° BPM (Leblon), o patrulhamento será intensificado na Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele determinou que a partir desta quarta-feira os policiais façam abordagens nos ônibus que circulam na região. Haverá também apoio de policiais do serviço reservado do batalhão e ainda de policiais do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas.

De acordo com o coronel, a principal estratégia é conciliar um policiamento ostensivo com a mobilidade no policiamento no entorno da Lagoa.

A polícia informou que a região tem duas cabines de polícia, uma na Avenida Borges de Medeiros e outra na Epitácio Pessoa, e são realizadas ainda rondas diárias de viaturas, policiamento a pé, carrinhos elétricos, motos e bicicletas.

De janeiro a abril deste ano, o batalhão da região apreendeu 110 menores na região, e ações de acolhimento de menores continuarão ocorrendo em apoio à prefeitura do Rio, afirmou a Polícia Militar.

Outros casos na região

Ataques desse tipo têm se tornado frequentes na Lagoa. No fim do mês passado, um adolescente de 14 anos também foi ferido com uma faca. Ele e um amigo andavam de bicicleta quando foram rendidos por quatro jovens. No mesmo dia, outro homem foi roubado e esfaqueado na Lagoa.

Em outubro de 2014, um estudante teve o pulmão perfurado quando tentou fugir de sete adolescentes. E em junho, um comerciante foi roubado e baleado. Ele levou um tiro na mão, outro na cabeça e perdeu a visão do olho esquerdo.

Durante a noite desta terça, já após o assalto, a equipe de reportagem do Bom Dia Rio circulou de carro pelas avenidas Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa e só encontrou um carro da polícia. O caso foi registrado na 15ª DP (Gávea).

MEU COMENTÁRIO

Vou acrescentar mais um fato, também de ontem, que não foi noticiado em lugar algum, mas vitimou um companheiro da PMERJ que não é caso identificar. Ele foi rendido por dois marginais em São Gonçalo, levado até Nova Iguaçu, devidamente esvaziado de seus pertences e desembarcado do seu carro, que seguiu em poder dos bandidos, ambos armados com um revólver calibre 38 mm e com uma pistola 9 mm, respectivamente, sendo certo que a ordem dos fatores não altera o produto. Por sorte, o policial não estava armado e sua identidade funcional estava oculta. De prejuízo, foram surrupiados outros documentos, o relógio, a aliança, pouco dinheiro e seu carro.

Comento o fato com a mais absoluta certeza de que, se estivesse ele armado e fosse identificado como PM, seria assassinado friamente pelos marginais, que chegaram a desconfiar dele. E se ele fosse morto não renderia mais que poucas linhas nos jornais, tal como se vê no caso dos PMs de UPP baleados na Favela do Rato Molhado, Jacarezinho, e no Morro São João. Ou nem haveria notícia alguma em nenhuma linha, mas somente o sepultamento restrito à família e a alguns amigos...

Sobre o anúncio da “segurança reforçada”, ou seja, trocando-se a fechadura depois de a porta arrombada, não mais comento, é deveras cansativo. Mas a queda do comandante do 23º BPM demonstra que a tese da “Geni” segue seu curso com a maior naturalidade, embora se saiba que faltam meios materiais e humanos para policiar maciçamente todas as ruas e logradouros do RJ, mais ainda devido à concentração de expressivo efetivo em  UPPs, o que, por sinal, não vem dando resultados tão alvissareiros.

A mim, que acompanho atentamente as notícias, até parecendo reprise de um mesmo fato, e tomo conhecimento de outras tantas ocorrências que passam ao largo da mídia, nada disso me espanta. Também não me atordoa ver rolar a cabeça do comandante do BPM, como se fosse ele o único responsável pela sucessão de eventos criminosos que ocorrem em todo o RJ, e mais intensamente na Região Metropolitana do Grande Rio, e mais precisamente na Zona Sul da Capital, região onde habita a elite e representa o mais ruidoso de todos os tambores pátrios.

O assassinato do médico Jaime Gold, que se exercitava com a sua bicicleta, é crime típico de onde impera a impunidade. Segundo a notícia, os assaltantes eram “de menores”, portanto impunes na origem... É, sem dúvida, desfecho de uma tragédia que vem de longe anunciada. E não é difícil concluir que falta maior frequência de patrulhamento não apenas na Lagoa, mas em todo o RJ, e a tendência é piorar o quadro na proporção quase exata da concentração de PMs em áreas consideradas prioritárias por abrigar poderosas quadrilhas de traficantes, como é o caso das favelas ocupadas com UPPs, destacando-se a última das ocupações em substituição às Forças Armadas: a Favela da Maré.

Eis uma aberrante contradição!...

Afinal, a concentração de efetivos se justifica em muitos locais que se tornaram, ao longo de muitos anos, verdadeiras fortalezas do tráfico, o que remete a responsabilidade ao passado, em especial ao nefasto brizolismo a desaparelhar a polícia. Mas a prevenção ao crime como função precípua de polícia administrativa (PMERJ) exige máxima frequência do patrulhamento, o que doutrinariamente se denomina “inibição de oportunidade”. Ou seja, o bandido, – que existe independentemente de outras razões que não seja a certeza da impunidade, – o bandido busca agir sempre onde a possibilidade de ser alcançado em flagrante delito é menor. Enfim, ele vai ao seu alvo certo de que terá condições de praticar o crime e não ser preso. No caso do médico, é possível supor que o alvo fosse a bicicleta, num primeiro plano, ou alguma joia inadvertidamente usada pela vítima, num segundo plano. Ou sua carteira, como noticiado. O resto é pura crueldade, o que os ideólogos de esquerda designam, justificando o crime bárbaro, como “revolta dos excluídos”. Eta país de merda!...

Malgrado o fato de que não compete à PMERJ a “inibição da vontade” por meio da inteligência e da investigação criminal, – tarefa da polícia judiciária (PCERJ), esta que age com presteza, mas depois de o fato já ocorrido, periciando o local do crime, verificando as câmeras instaladas por particulares em virtude da certeza de que falta ação policial se antecipando ao crime, – malgrado tudo isto, resume-se a ópera bufa à exoneração do comandante do batalhão da área, em autêntica “pedrada na Geni”. E seu substituto logo anuncia o óbvio: "reforço do policiamento", "mais mobilidade" etc. Ora!...

Ora bem, mesmo assim vamos torcer para que o PM assaltado em São Gonçalo não passe novamente pela assustadora experiência de ser ver dominado por dois facínoras armados, mas que nem antes nem depois foram alcançados pela polícia. Vamos também torcer para que não morram mais PMs de UPPs. Por derradeiro, oremos para que nenhum ciclista seja morto ou ferido no entorno da internacional Lagoa Rodrigo de Freitas, que em breve acolherá provas olímpicas. Mas para quem reside naquele lugar chique vai de graça um conselho: não se arrisque a se exercitar por ali sem antes confirmar se o local segue bem policiado. Pois a tendência é a do “cobertor curto”, a fila das UPPs está acelerada e o efetivo tem de se desdobrar para atender à demanda por mais segurança fardada e motorizada, esta, que parece ser a panaceia para todos os males do crime, mas infelizmente não é...



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