sexta-feira, 15 de maio de 2015

RIO EM GUERRA LXVIII


“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)


Do G1 Rio

15/05/2015 13h00 - Atualizado em 15/05/2015 16h44

Pezão afirma que ônibus queimados no Rio foram reação do tráfico

Governador afirmou ainda que operações policiais estão sendo feitas.

Ataque a ônibus teria acontecido após morte de dois mototaxistas.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse nesta sexta-feira (15) que os ônibus queimados na Zona Norte da cidade foram ações comandadas pelo tráfico de drogas. O pronunciamento foi feito durante um evento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.


Incêndio interditou a Avenida Salvador de Sá nos dois sentidos (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Ao ser questionado sobre as ações criminosas no Centro do Rio e o incêndio de ônibus, Pezão disse que operações policiais estavam sendo feitas.

“É uma reação do tráfico. Nós acompanhamos Japeri e Queimados, nós ocupamos e estamos com operação em toda aquela região do Chapadão e vamos continuar a combater a criminalidade. Os bandidos já se deslocaram e alguns já foram pegos”, afirmou.

Ele afirmou ainda que apesar dos episódios, o governo do Rio continua investindo na segurança pública.

“Nós não deixamos de contratar policiais, nós não deixamos de pagar premiação dos batalhões e delegacias que atingiram suas metas. Foram R$ 60 milhões distribuídos para todas os policiais civis e militares. Não vai faltar dinheiro para segurança pública e para nenhuma política pública”, afirmou.

Protesto teria começado após mortes

Um dos veículos foi incendiado na Rua Estácio de Sá, perto de um dos acessos ao Morro São Carlos, no Largo do Estácio. O segundo ônibus sofreu o atentado na Rua Campos da Paz, altura do número 52, no Rio Comprido.

Moradores da região afirmam que o protesto começou depois que dois mototaxistas da comunidade foram encontrados mortos. Ainda de acordo com moradores, as vítimas são Rodrigo Marques Lourenço, de 29 anos, e Ramom de Moura Oliveira, 22.

Até as 9h30 não havia informações sobre feridos durante o protesto. Testemunhas relataram que policiais arremessaram bombas de efeito moral contra os manifestantes, que estavam armados com pedaços de paus e pedras. Agentes da Divisão de Homicídios chegaram por volta das 10h30 para periciar o local onde os jovens foram achados. Segundo moradores, eles foram mortos a facadas.

Na região próxima ao protesto, houve um confronto entre policiais do Bope e criminosos nesta quinta-feira (14). À noite, o número de vítimas no local havia subido para 10, com a morte de um adolescente de 15 anos e de Ysmailon da Luz Alves Santos, de 21 anos. Com a morte dos dois mototaxistas, o número de vítimas passa agora para 12. 


Moradora do São Carlos mostra suposto local onde corpo foi encontrado (Foto: Reprodução/TV Globo)

Titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, confirmou em entrevista à Globonews que investiga as circunstâncias nas quais os dois corpos foram encontrados no Morro do São Carlos nesta manhã. Ainda não se sabe quem matou os mototaxistas. "Independentemente se [os autores] foram policiais militares ou [fruto de] uma guerra de traficantes, vamos dar uma resposta", afirmou.

Rivaldo também fez um apelo para que moradores evitem vandalismo em protestos, por causa dos transtornos que eles causam à região, como queima de cabos na rede elétrica. "A gente pede que eles usem essa revolta para nos dar informações", acrescentou.


Ônibus é incendiado no Rio Comprido (Foto: Janaína Carvalho/G1)


Trânsito

De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, por volta das 9h40 a via estava interditada nos dois sentidos e os motoristas enfrentavam retenções na região.

Os motoristas que estavam na Rua Haddock Lobo e seguiam em direção ao Estácio/ Centro tinham como opção seguir pela Avenida Paulo de Frontin. Quem estava no Catumbi e seguia em direção ao Estácio/Centro tinha como opção seguir pelo Viaduto 31 de Março e pela Avenida Presidente Vargas. Às 10h15 a via foi totalmente liberada.

De acordo com o Metrô Rio, o protesto foi monitorado e não afetou a circulação dos trens. Às 9h40 não havia ameaça de invasão na estação Estácio. Entretanto, 863 alunos ficaram sem aulas em escolas no Catumbi, Estácio, São Carlos e Santa Teresa.


Ônibus foram queimados após protesto por morte de pelo menos um morador, segundo a PM (Foto: Janaina Carvalho/G1 Rio)

Bombeiros do quartel Central foram acionados. Por volta das 10h20 o fogo foi controlado. De acordo com a corporação, ninguém ficou ferido. As chamas não atingiram a fiação da rede elétrica da região. Entretanto, a Light enviou uma equipe ao local para solucionar possíveis emergências.

De acordo com a PM, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) São Carlos e de outras UPPs, com o apoio do Batalhão de Choque (BPCHoque), reforçaram o policiamento no entorno da comunidade.

Dois baleados na quinta (14)

No início da noite da quinta, policiais do Bope entraram em confronto com marginais no Conjunto de Favelas do São Carlos. De acordo com a corporação, um homem foi baleado na Comunidade da Mineira e socorrido para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.

Com o ferido, foi aprendido um fuzil Bushmaster, 1,3 mil sacolés de pó branco, 1,5 tablete de maconha, um carregador de fuzil e um rádio transmissor. A ocorrência foi registrada na 17ªDP (São Cristóvão). Na parte da tarde, um homem também foi baleado e, com ele, os policiais apreenderam uma pistola calibre 9mm.

A polícia informou que, à noite, havia subido para 10 o número de mortos na guerra entre as quadrilhas que atuam nas comunidades da região central do Rio — Fallet, Coroa e São Carlos. Como mostrou o Bom Dia Rio nesta sexta-feira (15), a segurança continuava reforçada nos acessos das comunidades. Pelo menos uma das novas vítimas foi baleada durante operação policial.


Manifestantes atearam fogo em um ônibus no Estácio (Foto: Reprodução/ TV Globo)


Segundo testemunhas, grupo estava com pedaços de paus e pedras (Foto: Reprodução/ TV Globo)
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MEU COMENTÁRIO


1)    A ARROGÂNCIA DE FERNANDINHO BEIRA-MAR.

Chega a ser hilariante um bandido receber pena de quase meio século. É como matar um defunto, coisas do Brasil, com um detalhe: o crime que o condenou aconteceu dentro de um presídio considerado de “segurança máxima”.

Essa cascata de Bangu I vinha funcionando fazia anos, até que caiu por terra, desmoralizada, a partir do massacre dos meliantes dissidentes do CV, segundo a justiça, tudo por ordem de Fernandinho Beira-Mar. Mas durante o julgamento ele negou o fato, jogou beijinhos para a platéia e permaneceu sorridente na maior parte do tempo.  Parece que sabia o que aconteceria em sua homenagem nas ruas do RJ...

Nem quando foi lida a sentença condenatória ele perdeu o bom humor, claro que mangando da ilusão, ele não viverá tanto tempo. Quanto a já estar preso em acúmulo de penas, isto não parece suficiente para abalar a alegria do bandido, talvez por saber que está vivo e seguro às custas do Estado, e com certeza comandando um baita esquema de tráfico do lado de fora, pois ele permanece com seu prestígio inabalado na fonte geradora da droga. Sem o aval dele, a droga não vem. Daí é que os traficantes do CV o reverenciarão sempre e sempre, até que a morte os separe...

É assim que funciona o crime organizado do tráfico, embora esta organização, segundo o próprio traficante declara, mentindo, claro, não possua um líder, como no passado era reconhecido o narcotraficante internacional Pablo Escobar. Por outro lado, ele tem razão, pois, pelo menos em minha opinião, entendo o narcotráfico como máquina capitalista que funciona simultaneamente, sem liderança, em muitos países produtores e consumidores. O que existem, sim, são estruturas empresariais de grande porte num contexto mais particular. E o traficante Fernandinho Beira-Mar é um desses grandes empresários do tráfico mesmo em cana.

     2)    ÔNIBUS INCENDIADOS EM ESTRANHA SEQUÊNCIA

Mera coincidência?... Não creio. A baderna do tráfico pode ter sido desencadeada, sim, na semana da visita de Beira-Mar e em sua homenagem, para o CV reafirmar que está “tudo dominado”.

Tem razão, portanto, o governante ao afirmar o óbvio: “Foram ações comandadas pelo tráfico de drogas”.

Sim, foram, sim, e sempre são e o serão! Grande novidade! Também não é novidade a afirmação de que a PM realiza operações policiais o tempo todo. Tudo isto é óbvio.

A questão se prende, então, à triste constatação de que os fatos criminosos se repetem ininterruptamente, enquanto a mídia exalta a queda de alguns índices de criminalidade, em especial os índices de homicídio, sempre destacados como se fosse por aí a solução de uma macrocriminalidade que se situa mui além, sendo certo que somente esta semana que se finda, em três favelas (Fallet, Coroa e São Carlos), já se contabilizou dez mortes, além de mais dois mototaxistas que engrossaram a lista em outras localidades.

Se nada disso bastasse, muitas escolas ficaram fechadas, muitos ônibus foram incendiados, dentre muitos outros incidentes assustadores que não podem ser empurrados para baixo de nenhum tapete.

Eis, em síntese, o porquê da alegria do narcotraficante Fernandinho Beira-Mar diante da Justiça e do povo. Afinal, se o tráfico mantém “tudo dominado”, a estrela midiática é seu máximo representante no Brasil, né?...

Enquanto isso, o sistema situacional estatal continua a enxugar gelo, a engarrafar fumaça e a tapar o sol com a peneira, a mesma que recolhe a água do Rio de Janeiro, ignorando o principal: existe no RJ uma calamidade social determinada por grave perturbação da ordem pública, esta, que não se resolve somente com polícia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não existem dúvidas de que isso é reação de traficantes né. Eles estão revoltados que estão ficando sem lugar para se esconder. Pessoas trabalhadoras não fariam isso.

Emir Larangeira disse...

Emir disse:

Não há dúvida de que eles comandam esse tétrico espetáculo urbano que lembra as barbáries dos tempos remotos.