domingo, 7 de abril de 2013

Recado do Cel PM Paúl sobre a venda do QG da PMERJ


De: Paulo Ricardo Paúl (pauloricardopaul@gmail.com)

Enviada: sábado, 6 de abril de 2013 19:31:16

Para: emir larangeira (emirlarangeira@hotmail.com)



Caro amigo:

O que pensar sobre a venda do QG?

O que dizer?

O que escrever?

O que fazer?

Não sei.

Fiz tudo o que podia para tentar mostrar aos Oficiais e aos Praças, ativos e inativos, que a subserviência ao poder político estava destruindo a PMERJ.

Foram 6 anos de luta nas ruas e nos blogs, centenas de atos e milhares de artigos.

Fiz tanto que alguns me rotularam como louco ao se reportaram às minhas ações nas ruas, muitas vezes solitárias (isso não é postura de Coronel) e alguns como oportunista (ele quer é ser eleito).

Tolos.

Diante do dinamite que se instalará nas vigas do Quartel dos Barbonos, lembro de uma frase que meu filho pediu para eu providenciasse que fosse estampada em uma camiseta, quando ele cursava a faculdade de história na UFF, isso em 2004 ou 2005, não consigo precisar:

"Raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez" (David Hume).

Ele usou a camisa até a sua quase desintegração física, como ocorrerá com o QG.

Nunca escondi, a verdade contida na frase sempre foi uma motivação para continuar lutando, apesar de todas as represálias que sofri.

A venda do QG da PMERJ é o resultado das ações contrárias aos interesses institucionais e as omissões oportunistas em interesse próprio de todos e de todas, Oficiais e Praças, que colocaram a Polícia Militar para trilhar "O Caminho da Servidão".

Nem mais, nem menos.

Hoje, na solidão do banco dos réus do Tribunal de Justiça, onde estou sendo julgado pelas minhas ações e, ainda, pelo que não fiz (incitamento à greve, por exemplo), pouco posso fazer além de lamentar a minha incompetência na tentativa de fazer com que os meus companheiros compreendessem a grande lição contida na frase:

"Raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez".



Juntos Somos Fortes!

Caro Cel Paúl

Devemos nos manter em estado de luta pela instituição, que é nosso lar tanto como o familiar. Inspiremo-nos em Erico Verissimo (Solo da Clarineta) e façamos como o magistral escritor:

"Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto."

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