terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sobre as críticas a mim endereçadas


Não são poucas as críticas que recebo por defender o programa das UPPs, embora anotando mais ressalvas que elogios. Ora, não sou partidário desse governo, não morro de amores pelo estilo ditatorial do governante. Porém, governos bons ou ruins passam, e a PMERJ, minha corporação mui querida, fica. Sim, os cães ladram e a caravana passa, e a PMERJ é a caravana que avança, cá entre nós, sem revisão de eixos há mais de 200 anos (vou fingir que isto é verdade só para efeito de raciocínio, pois a PMERJ nasceu em 1975 e não tem 200 anos nem aqui nem na China). Mas isto é outra história...
Sim aqui estou para me defender dos críticos, geralmente de fora da PMERJ, que não veem graça alguma em nada que a PMERJ faça, embora não saibam nada do que ela efetivamente faz no cotidiano da convivência social. Para esses pirrônicos se convencerem da imprescindibilidade da PMERJ, ela teria de se aquartelar somente por um dia, e todos seriam obrigados a reconhecer que a corporação faz mais falta que a Companhia de Limpeza Urbana (sem qualquer malícia alegórica). Falo de Comlurb apenas porque a população sabe muito bem o quanto é difícil viver sem o recolhimento normal do lixo que ela produz. Portanto, o exemplo serve ao propósito.
Defendo as UPPs apesar de no início eu estranhar a escolha dos locais onde foram instaladas. Não me convencia nenhuma explicação, pois eram evidentes os interesses maiores com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Penso que, se o governo assumisse de pronto esta verdade, nada mais haveria a reclamar. No fim de contas, qualquer programa da envergadura das UPPs deveria ser iniciado exatamente nas favelas escolhidas, de modo a garantir boa repercussão no Brasil e no mundo. Por conseguinte, não mais questiono esse detalhe, que, faz tempo, deixou de ser segredo. Também concordei que os próximos alvos deviam ser locais emblemáticos por homiziar líderes de facções poderosas. O domínio territorial do Complexo do Alemão (Comando Vermelho) já é fato consumado; a Rocinha (Terceiro Comando) decerto está na fila preferencial. Agora, passado um tempo de realidade de contatos físicos permanentes entre o policiamento ostensivo e os favelados, o que os academicistas inventaram designar como “polícia de proximidade”, é possível reunir um conjunto de acertos e erros, sendo certo que iluminar os erros para corrigi-los é mais prudente que se ufanar dos acertos.
Muito bem, aos meus críticos, − anônimos em maioria, − insisto que meu blog tenta construir um sistema de ideias para reflexão e discussão, sem ofensas pessoais e intentando contribuir do único modo que posso para o que entendo ser o Bem. Claro que, para participar das discussões e reflexões sobre a segurança pública, conto com os leitores que me visitam e concordam ou discordam de mim. Trata-se de processo saudável, sem caráter político além da participação de um cidadão na vida em sociedade. Porque é certo que não sou candidato a cargo eleitoral ou burocrático. Porém, exerço a minha vontade de participar da política como cidadão detentor de direitos, em especial o da livre expressão, respeitada a honra e a dignidade de terceiros. Daí eu também não me expor em manifestações públicas contra ou a favor de nada, embora eu tenha comparecido a uma reunião em prol da PEC 300, em Copacabana, faz longo tempo. Mas, tão logo vi um trio elétrico apinhado de deputados e futuros candidatos a cargos parlamentares, alguns com discursos inflamados contra o atual governo, fui pra casa retomar minha solitária rotina. Não por ser a favor desse desgoverno. Sou contra, absolutamente contra! Mas defendo minhas posições de modo transparente, assumindo as consequências do que me sai do atino ou do desatino.
Com efeito, não mudarei meu modo de ser, que, no caso das manifestações de rua, inobstante me agradarem, não me estimulam a participar porque não admito recuar diante de pressões ou agressões, a minha índole é a de reagir. Melhor então eu não me provocar a mim. Ademais, nunca gostei desse tipo de comportamento coletivo talvez por causa da minha formação militar. Não que eu goste de ter sido e ainda ser um militar (estadual). Eu preferiria ter exercitado minha profissão sem o espectro do militarismo a me perturbar. Sim, nunca gostei de marchar, e jamais me adaptei ao tacanho militarismo exercitado intramuros da PMERJ. Suportei-o, é verdade, mas antes mesmo de ingressar na Polícia Militar, − adolescente, e simples trabalhador do comércio na cidade de Niterói, − eu jamais participei de movimentos sindicais pelas mesmas razões resumidas na aversão às manifestações coletivas levadas ao extremo por pessoas sem identidade comigo.
Prefiro, sim, o voo solo. Apraz-me questionar sempre, não me importando os acertos a não ser na medida de sua manutenção até que o tempo o faça tender para o erro, momento em que deve ser revisto. É como entendo as UPPs e todo o resto que me interessar no âmbito da segurança pública. E faço-o seguindo o conselho de Schopenhauer, ou seja, por meio de ideias próprias, boas ou ruins. E assim seguirei o meu caminho: em trilha estreita, com muitas gentes na minha frente, ao meu lado, ou atrás de mim. Porque a fila anda, e adiante estarão à disposição de todos os enfileirados, se forem bons, o Céu; se forem maus, o Inferno...



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