quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

RECADO AOS AMIGOS LEITORES



Não sei, sinceramente, quem são os leitores do meu blog, por sinal muito visitado, porém pouco comentado. No mês passado, novembro, foram quase 14.000 (quatorze mil) visitas, nem cabendo explicitar quantos comentários houve, de número reduzido, mas sempre qualitativos, o que me impõe externar minha gratidão. Também não costumo moderar comentários críticos, sendo rara a ocasião em que recebo algum texto ofensivo a mim ou a terceiros. Neste último caso, não os publico.
Penso que o blog é um caminho para discussões úteis, embora muitas vezes a inutilidade se manifeste nos meus pontos de vista. Nada demais, a inutilidade para uns pode ser uma jóia rara ansiada por alguém. Outro aspecto que me diferencia de muitos blogueiros é a prolixidade. Sei que tenho mania de esticar meus textos, mas penso que cabe ao leitor lê-los ou não, dependendo do seu interesse pelo tema.
Na verdade, sempre gostei de estudar e polemizar. Não sou de aceitar argumentos senão após muito refletir e compará-los com outras correntes de pensamento. Sou conceitual por natureza, avesso a fragmentos, e gosto de avaliar contextos, sistemas e ações na área da segurança pública. Não almejo, porém, consertar o mundo, bem como não possuo pós-graduação de nada, a não ser que os cursos internos da PMERJ sejam assim considerados, já que inclui apresentação de trabalho técnico-profissional obediente aos padrões de monografia exigidos no mundo acadêmico e sistematizados pela ABNT, no meu caso particular incluindo teste de significância (Wilcoxon).
Pelo menos no Curso Superior de Polícia (CSP) fui obrigado ao exercício acadêmico da pós-graduação (Vide inteiro teor da Monografia em referência - TTP - no meu site: http://www.emirlarangeira.com.br/). Afora isto, sou apenas bacharel em Ciências Administrativas e detentor de muitos diplomas de cursos técnico-profissionais ao longo da minha carreira de PM iniciada na condição de soldado raso, em 1965. E me orgulha dizer que fui o 1º colocado do Curso de Formação de Soldado. Igualmente me ufano por ter sido o 2º colocado de minha turma na Academia (antes denominada Escola de Formação de Oficiais), e ter recebido conceito MB (média acima de oito) no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), exigido como precondição para o capitão ser promovido a major. Mais ainda me infla a autoestima por encerrar o mais importante curso da corporação, o CSP, em 1º lugar, em turma que acolhia coirmãos de outros Estados (SP, MG, MT, MS, DF, PA, CE, RN, RS, ES) e do exterior (Bolívia).
No âmbito da corporação, foram cinco anos de dedicação exclusiva aos estudos profissionais, três deles em regime de internato. Nesse longo tempo, tive a oportunidade de receber ensinamentos de autênticos mestres universitários. Fui testado em provas e trabalhos individuais, em trabalhos em grupo, demais de enfrentar as avaliações subjetivas que se exigem interna corporis, cá pra nós, um absurdo! Assim afirmo porque é realmente absurdo ser julgado por um superior que somente possui o mérito de ter ingressado antes na corporação e não raramente logrado aprovação em repetência ou na desagradável condição de “rabo de turma”. Os galões ocultam-lhe a ignorância, grande falha do “militarismo PMERJ”, eis que, embora calcado no mérito intelectual (ou demérito, já que a média ponderada para aprovação é igual a cinco), é vivenciado em mimetismo e deturpado por meio daqueles conceitos subjetivos a que aludi em atualíssima indignação. Enfim, o “mais antigo” ou “superior”, mesmo que comprovadamente asno, é o "mais capacitado" e ponto final. É como aquele provérbio alemão: ”A árvore oculta a floresta”...
Toda essa digressão tem uma única finalidade: informar que submeterei aos leitores, – sejam ou não policiais, mas decerto interessados na segurança pública, – alguns pensamentos de terceiros, mais particularmente sobre a reformulação da segurança pública no Brasil. Deste modo, os tentarei influenciar no sentido de que tal providência não incorra em vícios e indiferenças, como aconteceu no passado, nem se restrinja ao absurdo de apenas reestruturar a polícia como se a segurança pública não fosse mais nada além da atividade policial.
Pretendo, por exemplo, situar a Defesa Civil no seu verdadeiro lugar, e não como “atividade de bombeiros-militares”, como erroneamente se firmou na Carta Magna em 1988. Pode ser, todavia, que o tema segurança pública não seja do interesse geral. Por conseguinte, continuarei a intercalar no blog meu “feijão com arroz” do jeito que me vier ao atino ou ao desatino da minha liberdade de expressão. Em todos os casos, porém, permanecerei na minha linha crítica não ofensiva a pessoas, do mesmo modo que jamais abdicarei do meu amor corporativo, mesmo discordando deveras da cultura policial-militar, que, no meu entender, já era!
Os tempos são outros, sim! Admitir esta verdade, por outro lado, não significa abominar os companheiros da ativa (oficiais e praças) nem o que excelentemente fazem arriscando e perdendo suas vidas. Pelo contrário, sonho valorizá-los em todos os sentidos, desejando-lhes um futuro promissor. Melhor dizendo, almejo uma PM desmilitarizada e voltada para o serviço policial, mas dando a chance aos que amam o militarismo de se situarem noutra instituição. Talvez até numa força intermediária nacional com as características da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), embora esta organização tenha sido criada na contramão do Estado Democrático de Direito, decisão que poderá ser revista. Mas, como alternativa futura, é viável e funciona bem em muitos países civilizados e democráticos. Comentaremos noutra ocasião sobre a diferença entre “Força de Segurança” e “Serviço de Segurança”.

4 comentários:

Luiz Drummond disse...

Olá Emir,tudo bem?

Você me pregou um grande susto. Quando vi o título recado aos amigos leitores achei que o amigo iria parar com as postagens no blog. Li seu texto de cabo a rabo e ainda bem que o assunto era outro. Leio as vezes mesmo sem comentar o seu blog e o do Cel. Pául diariamente.
Em relação ao seu texto tenha certeza de uma coisa.. o sr com todo o seu conhecimento de vida,e acadêmico tem muito mais conhecimento sobre o assunto e é muito mais capacitado para ocupar a cadeira de secretário de segurança do estado do rio de janeiro do que um certo delegado da PF que caiu por aqui de pára-quedas.
Quem sabe caso o Garotinho se candidate novamente a governador e seja eleito ele conceda ao senhor a honra de coordenar a secretaria de segurança do estado. Aliás digo mais com o seu conhecimento sobre segurança você é capacitado para ocupar até o Ministério da Defesa.
Tenho profunda admiração pelo sr e por sua pessoa. Aprendo muito com os seus textos.

Emir disse...

Caro Luiz

Obrigado! Afagou o meu ego, hehehe. Mas, na verdade, o que simplesmente almejo é que a sociedade brasileira alcance a paz, porque a minha, já sei qual será... Com 130 anos. Se ontem eu me rogozijava com a vitória de Garotinho no TSE, hoje fui às nuvens com a decisão de retorno de Rosinha à Prefeitura de Campos. Garotinho é um importante aliado e defensor aberto da PEC 300. Espero muito esforço dele no sentido de aprová-la. Com a experiência dele na política, nossas chances em Brasília aumentam. Quanto a ele voltar a governar o RJ, não tenho dúvida de que ele retornará vencedor com sobras de legitimidade. Você, que é mineiro, me orgulha por se preocupar com os destinos do RJ. Obrigado por tudo e Feliz Natal!

Luiz Drummond disse...

Grande Emir,blz?

Como diz o Ricardo Amaral (famoso empresário da noite) sou paulista de nascimento mas amo o Rio de paixão é o meu caso. Nasci em S.Paulo mas desde a minha infância sempre tive paixão pelo Rio...

Paulo Xavier disse...

Luiz Drummond.
Concordo com tudo o que você disse a respeito do Cel Larangeira. Tive a honra de ser comandado por esse Oficial PM e escreveria páginas aqui falando de suas qualidades e virtudes. Falo do seu reto caráter, do seu apuradíssimo senso de justiça, da sua facilidade no trato respeitoso e amigável com a tropa sem contudo permitir que a a hierarquia e a disciplina fossem quebradas.
Para quem conviveu com o Oficial PM Larangeira, sabe do que estou falando.
Parabéns Luiz pelo seu comentário corajoso e pertinente.