sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Adeus 2010!



Hora de balanço na segurança pública, muitos elogios para começar: a implantação de UPPs em algumas favelas dominadas pelo tráfico renovou a esperança de paz entre cariocas e fluminenses. Finalmente o Poder Público provou ser mais forte que o Poder Marginal, com centenas de facínoras escapulindo da polícia em correria no Complexo do Alemão (Que cena emocionante! Compensa o irrisório salário dos heróis policiais!). Mas a fuga foi o de menos. Nem sei se a prisão de todos seria solução ou problema. Afinal, enfiá-los onde? Não há mais lugar em delegacias ou presídios, e muitos desses “maratonistas” sem passagem pela polícia terão pelo menos uma chance de buscar o labor honesto. Ou entrarão a vender piratarias chinesas, porque nada escapa à ganância desse outro tráfico de “drogas”...


Eia! Vamos festejar?... Sim, porém não há como não reclamar: o salário é baixo, embora seja livre a gastança da dinheirama pública surrupiada das algibeiras do povão. “Por que não?”... Como pagar bem ao policial em vez pagar o circo? No fim de contas, e mesmo sem tostão, os policiais civis e militares rejubilam: nas favelas onde o domínio do tráfico ainda perdura os opressores não podem mais “cantar marra” de valentes. Por enquanto estão livres da repressão policial... até a hora da verdade, quando então se tornarão “maratonistas” e levarão seus pés aos traseiros criminosos... ou baterão as botas...
Eis desnudado o frágil espírito desses criminosos que vinham espantando o país e o mundo: nada mais que “castelo de areia” a desmoronar ante um singelo suspiro de Éolo. Hum... Chegue mais perto o ouvidinho e me responda: quanto o Poder Público gastou no belo show natalino na “princesinha do mar”?... Ah, não importa, vamos animar a festa da virada! Afinal, no adeus a 2010 todas as gentes ricas e paupérrimas estarão em Copacabana confraternizando-se, inclusive os favelados beneficiados por UPPs, que não estão nem aí para o fato de que a grana dos festejos talvez desse para sanear suas favelas...


Evidentemente, há muito ainda que se pensar a respeito das UPPs, que, por hora, estão determinadas ao sucesso por 25 anos, é lei estadual com boas chances de sanção no país do proselitismo barato... Por outro lado, a dificuldade para estender o programa a todas as favelas do RJ é um fato. Nem por isso deixará de ser objetivo fácil de alcançar na fase operativa visando a desbaratar o poderio bélico dos marginais, desbancando-os ante as gentes humildes que eles submetem a palito de fósforo com aparência de grande incêndio.
Cá pra nós, engessar as UPPs por 25 anos... Se a moda pega, daqui a pouco haverá outra lei determinando policiamento a cavalo também por 25 anos na orla de Copacabana... Tudo bem, danem-se os casuísmos parlamentares a consagrar o panis et circensis!... “Por que não?”... Eia, vamos a essa outra festa governamental, o povo gosta e é boa para a mídia! Mas levemos o pão nosso de cada dia, senão nosso estômago chiará feito cuíca!... Cantemos: “Alegria, Alegria!” E relembremos em gáudio a vergonhosa correria dos traficantes da Vila Cruzeiro, e aquela outra disparada não menos ridícula dos traficantes da Rocinha no asfalto de São Conrado. Propiciaram um belo exemplo de covardia. Como vimos, só faltava enfrentá-los com rigor, diferentemente de outros tempos em que esses marginais eram apenas instigados por guarnições policiais insuficientes, o que deveria ser proibido em vista da quebra de um princípio básico de combate: a “seletividade do uso da força”. Essas ações isoladas e temerárias − com a ressalva de algumas exceções − sugerem interesses menos nobres... Na verdade, até o advento das incursões planejadas e exitosas, só assistíamos a pirotecnias inúteis rendendo defuntos baratos (de ambos os lados), balas perdidas matando crianças e notícias ruins...
Ah, tudo é festa, mas como não resisto à minha índole crítica esticarei o texto para uma pequena alfinetada. Enquanto isso, a PMERJ que se vire no serviço extraordinário para atender à demanda da multidão em alegria. Alerto, entretanto, que só alguns traficantes foram escorraçados; os batedores de carteira, os assaltantes e os larápios em geral continuam soltos... E me vem a mim a tristeza inevitável: para o “PM-Flash” ou “PM-Bombril” das “mil e uma utilidades”, nada de Natal, Ano Novo, Carnaval ou Futebol com a família! Reunião nessas datas só com PMs internados em hora de visita. A “família” do PM é o povo em festa, e que assim seja! No fim de contas, o PM existe para suar dia e noite em sua nobre missão! E ganha mal, e por isso ele chora: BUÁ, BUÁ, BUÁ! Sim, ele chora, sim, mas um choro de valente, e não aquele de bandidinho perdedor: Sniff, sniff, ai, ai, sniff, sniff, ai, ai!!!!!... Eis o nosso alento!...

Feliz Ano Novo!



2 comentários:

Debora Nascimento disse...

Quando lemos seus artigos é que conseguimos extrair o que há de melhor em tudo isso: você.

NEIDE disse...

PEÇO A DUES QUE O SENHOR NUNCA SE CANSE DE RELATAR E OPINAR TAIS FATOS. O NOSSO POVO BRASILEIRO AINDA TEM ESSA ESPERANÇA QUE AO TÉRMINO DA FESTA DA VIRADA DE ANO, REALMENTE A MUDANÇA ACONTEÇA. NÃO PÁRAM PARA PENSAR QUE AQUELE SHOW NADA MAIS É DO QUE A EXPLOSÃO DOS MILHÕES ARRECADADOS DURANTE TODO O ANO AS CUSTAS DO SUOR DE SEUS ROSTOS. NO FIM, É TUDO FESTA E NO ANO SEGUINTE TUDO SE REPETE. ACHO QUE É POR ESSES MOTIVOS QUE O GOVERNO NÃO QUER UM POVO COM DIREITO A SAÚDE E A EDUCAÇÃO, POIS, ASSIM ESTARÃO CRIANDO SOLDADOS PARA UM EXÉRCITO CONTRA O SEU PRÓPRIO GOVERNO.