BLITZE PROVOCADORAS DA IRA
SOCIETÁRIA
“O mundo está perigoso para se
viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e
fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
Como resido em Maricá/RJ, meu invariável caminho de rotina é a Rodovia
Amaral Peixoto (RJ-106). Hoje, dia 07 de agosto de 2015, aproximadamente às
15:00 hs, mais uma vez me vi em longa fila de congestionamento antes de
alcançar o Distrito de Inoã, no sentido Niterói-Maricá, adrede sabedor de que
não se tratava de nenhum acidente na pista, mas de insana blitz promovida pelo
BPRv da PMERJ.
Claro que muitos dirão que a causa é justa, que há muitos usuários que
não pagam em dia o IPVA, que há muitas motos irregulares etc. Claro também, por
outro lado, que se trata de mera suposição a tentar justificar a insanidade de
uma blitz deflagrada numa sexta-feira à tarde, dia em que muitas famílias se
deslocam pela referida rodovia para a Região dos Lagos. Mais claro ainda o fato
de que muitos veículos seguem apinhados de crianças e idosos, muitos a
enfrentarem necessidades físicas próprias da idade, as quais nem é preciso
descortinar.
Importa reafirmar, todavia, que a insana blitz produziu uma fila de
quilômetros, com o tráfego totalmente parado nas duas pistas (subida e descida),
invertendo-se deste modo a função primordial dos agentes de trânsito da PMERJ,
que é a de fazer fluir o tráfego para facilitar a vida das pessoas e lhes
proporcionar momentos individuais e coletivos de paz e tranquilidade. Mas não!
O BPRV consegue sempre, - com essas sistemáticas blitze, repiso que insanas, -
consegue sempre produzir desordem pública em inegável contradição. Pois a ordem
pública pressupõe o Estado facilitando o cidadão no gozo do seu direito de ir e
vir como regra e não como exceção. Mas a bliz do BPRv, que deveria ser exceção,
é regra a contribuir para aumentar o já caótico trânsito rodoviário.
Sim, o longo congestionamento na estrada provocado
pela blitz de hoje, e de ontem, e de sempre, pelo visto, independentemente de
suas justificativas é a meu ver fator de desordem pública porque desrespeita o
cidadão. Sim, pois incomodá-lo individual e coletivamente sob o manto de
pressupostos que não passam de exceções é absurdo! E na medida em que o BPRV
assim age, sistematicamente, passa a ser insanidade mesmo, e quiçá abuso de
poder, ou constrangimento ilegal, ou o que os valha!... Porque é certo que os
veículos e motos parados para receberem “uma geral” não constam de nenhuma
lista de procurados pela justiça, nem nada. Tudo decorre, na verdade, do “faro”
do PM, que, aliás, não tem nenhuma culpa de ali estar agindo em nome do Estado.
A responsabilidade, obviamente, é de cima...
Não mais me vou estender neste assunto chato. Quero
apenas pedir aos leitores que reflitam sobre o seguinte: quando a polícia trava
o tráfego de veículos, tendo como base o Poder de Polícia, há sempre como seu
contraponto o freio constitucional dos direitos e garantias individuais, e o direito
de ir e vir é um deles. Temos então o Poder da Polícia em ação, porém baseado em
meros pressupostos (no caso em comento, baseado no subjetivo entendimento de que
em meio a milhares de veículos há de haver algum irregular). Em contraposição a este Poder
da Polícia fundado no Poder de Polícia há o direito inalienável do cidadão de
ir e vir supostamente sob o manto protetor do Estado. Mas, em vez de protegê-lo
indistintamente, o BPRv, em nome do Estado, abalroa seu direito constitucional escorado
na hipótese de que está atuando em benefício da coletividade. Ora!...
Onde e com quem, afinal, estará a razão?...
Não sei. Sei, porém, que a ira societária contra a
PMERJ aqui no RJ não é pequena, muito pelo contrário, o povo do RJ não morre de
amores pela PMERJ. Na verdade, odeia-a... Mas a corporação, indiferente a tudo
e todos, segue em frente acirrando sobremodo esta ira, embora proclame o
contrário, que “luta pela paz”, que pratica a “polícia de proximidade” e outras
balelas do gênero. Sim, pura cascata, pois é certo que a sociedade só se
manifesta contra a corporação, e isto não é de agora, e o faz com razão, e boa
parte da ira societária se acumula e amplia por culpa dessas blitze sem sentido...
Mas, se antes a ira era nem tanto visível, hoje ela é
manifestada mais amiúde por meio da ampliação midiática de falhas corporativas
que poderiam ser compreendidas caso o povo visse a PMERJ com bons olhos, ou,
pelo menos, com isenção. Ora, o povo vê a PMERJ com raiva, pior que produzida gratuitamente
pela corporação por meio de ações como esta insana blitz que vi hoje, e vejo
sempre na RJ-106, e presumo que outras blitze ocorram concomitantemente em todo
o Estado do Rio de Janeiro, não somente por iniciativa do BPRv, mas de muitos batalhões
operacionais que precisam afinar a visão específica e não mais apostar numa
visão geral absolutamente caolha ou até mesmo cega.
Será que estou equivocado?... Serei eu o insano por
grafar esta crítica?...
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