sexta-feira, 7 de agosto de 2015

RIO EM GUERRA CXXII

BLITZE PROVOCADORAS DA IRA SOCIETÁRIA

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

Como resido em Maricá/RJ, meu invariável caminho de rotina é a Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106). Hoje, dia 07 de agosto de 2015, aproximadamente às 15:00 hs, mais uma vez me vi em longa fila de congestionamento antes de alcançar o Distrito de Inoã, no sentido Niterói-Maricá, adrede sabedor de que não se tratava de nenhum acidente na pista, mas de insana blitz promovida pelo BPRv da PMERJ.

Claro que muitos dirão que a causa é justa, que há muitos usuários que não pagam em dia o IPVA, que há muitas motos irregulares etc. Claro também, por outro lado, que se trata de mera suposição a tentar justificar a insanidade de uma blitz deflagrada numa sexta-feira à tarde, dia em que muitas famílias se deslocam pela referida rodovia para a Região dos Lagos. Mais claro ainda o fato de que muitos veículos seguem apinhados de crianças e idosos, muitos a enfrentarem necessidades físicas próprias da idade, as quais nem é preciso descortinar.

Importa reafirmar, todavia, que a insana blitz produziu uma fila de quilômetros, com o tráfego totalmente parado nas duas pistas (subida e descida), invertendo-se deste modo a função primordial dos agentes de trânsito da PMERJ, que é a de fazer fluir o tráfego para facilitar a vida das pessoas e lhes proporcionar momentos individuais e coletivos de paz e tranquilidade. Mas não! O BPRV consegue sempre, - com essas sistemáticas blitze, repiso que insanas, - consegue sempre produzir desordem pública em inegável contradição. Pois a ordem pública pressupõe o Estado facilitando o cidadão no gozo do seu direito de ir e vir como regra e não como exceção. Mas a bliz do BPRv, que deveria ser exceção, é regra a contribuir para aumentar o já caótico trânsito rodoviário.

Sim, o longo congestionamento na estrada provocado pela blitz de hoje, e de ontem, e de sempre, pelo visto, independentemente de suas justificativas é a meu ver fator de desordem pública porque desrespeita o cidadão. Sim, pois incomodá-lo individual e coletivamente sob o manto de pressupostos que não passam de exceções é absurdo! E na medida em que o BPRV assim age, sistematicamente, passa a ser insanidade mesmo, e quiçá abuso de poder, ou constrangimento ilegal, ou o que os valha!... Porque é certo que os veículos e motos parados para receberem “uma geral” não constam de nenhuma lista de procurados pela justiça, nem nada. Tudo decorre, na verdade, do “faro” do PM, que, aliás, não tem nenhuma culpa de ali estar agindo em nome do Estado. A responsabilidade, obviamente, é de cima...

Não mais me vou estender neste assunto chato. Quero apenas pedir aos leitores que reflitam sobre o seguinte: quando a polícia trava o tráfego de veículos, tendo como base o Poder de Polícia, há sempre como seu contraponto o freio constitucional dos direitos e garantias individuais, e o direito de ir e vir é um deles. Temos então o Poder da Polícia em ação, porém baseado em meros pressupostos (no caso em comento, baseado no subjetivo entendimento de que em meio a milhares de veículos há de haver algum irregular). Em contraposição a este Poder da Polícia fundado no Poder de Polícia há o direito inalienável do cidadão de ir e vir supostamente sob o manto protetor do Estado. Mas, em vez de protegê-lo indistintamente, o BPRv, em nome do Estado, abalroa seu direito constitucional escorado na hipótese de que está atuando em benefício da coletividade. Ora!...

Onde e com quem, afinal, estará a razão?...

Não sei. Sei, porém, que a ira societária contra a PMERJ aqui no RJ não é pequena, muito pelo contrário, o povo do RJ não morre de amores pela PMERJ. Na verdade, odeia-a... Mas a corporação, indiferente a tudo e todos, segue em frente acirrando sobremodo esta ira, embora proclame o contrário, que “luta pela paz”, que pratica a “polícia de proximidade” e outras balelas do gênero. Sim, pura cascata, pois é certo que a sociedade só se manifesta contra a corporação, e isto não é de agora, e o faz com razão, e boa parte da ira societária se acumula e amplia por culpa dessas blitze sem sentido...

Mas, se antes a ira era nem tanto visível, hoje ela é manifestada mais amiúde por meio da ampliação midiática de falhas corporativas que poderiam ser compreendidas caso o povo visse a PMERJ com bons olhos, ou, pelo menos, com isenção. Ora, o povo vê a PMERJ com raiva, pior que produzida gratuitamente pela corporação por meio de ações como esta insana blitz que vi hoje, e vejo sempre na RJ-106, e presumo que outras blitze ocorram concomitantemente em todo o Estado do Rio de Janeiro, não somente por iniciativa do BPRv, mas de muitos batalhões operacionais que precisam afinar a visão específica e não mais apostar numa visão geral absolutamente caolha ou até mesmo cega.

Será que estou equivocado?... Serei eu o insano por grafar esta crítica?...







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