domingo, 22 de fevereiro de 2015

RIO EM GUERRA XII

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

Ontem, dia 21, sábado, saímos de Maricá/RJ, minha esposa e eu, com destino a Niterói, em torno de 17:00hs. Logo ao passarmos pelo primeiro “pardal”, percebemos que estava desligado pelos administradores da rodovia (presumo que seja o DER, já que se trata de rodovia estadual). E fomos prazerosamente constatando o mesmo procedimento nos radares seguintes, evidenciando-se a nítida intenção do DER de liberar o fluxo de veículos que retornavam da Região dos Lagos com destino à capital e algures. Boa medida, sem dúvida, o tráfego fluindo livremente, como se fora rio de leito desimpedido de entulhos, coisa rara.

Mas como alegria de pobre dura pouco, demos de cara, em espanto, com um congestionamento de mais de três quilômetros no sentido contrário (Tribobó-Maricá) provocado por inusitada blitz da PMERJ na pista de subida. Refiro-me à PMERJ e não ao BPRv porque não sei se eram PMs desta unidade especial ou do 7º BPM, o que e ao fim e ao cabo tanto faz...

Ah, é fácil imaginar a ira dos usuários ao enfrentarem o terrível congestionamento em horário de sol a pique (corresponde a quatro horas da tarde sem o horário de verão que terminou hoje). Descontentamento, por sinal, mais que justificado diante da aberração produzida por alguns PMs ocupantes de duas viaturas, de um lado, tendo como incomodados milhares de pessoas, do outro. Isto num dia em que a briosa amanheceu triste com a notícia em todos os jornais informando a exclusão disciplinar de 43 graduados e poucos soldados, todos supostamente envolvidos em corrupção na Zona Oeste do Rio. Cá entre nós, a notícia correu todas as praças e decerto muitos dos incomodados sabiam do desgastante episódio. Enfim, como desgraça pouca é besteira, a inusitada blitz (Ação Repressiva, assim tipificada nos regulamentos internos da corporação, ou seja, uma exceção à regra do policiamento normal) a inusitada blitz veio a ampliar e aprofundar a já péssima imagem da PMERJ na tessitura social do RJ.

Espantosa a contradição, sim, esta que se vislumbrou: enquanto o DER facilitava a vida dos motoristas desligando os controles de velocidade da pista no sentido Região dos Lagos/Rio, na de subida, onde muito usuários seguiam provavelmente para recolher seus parentes e retornarem hoje, domingo, dia do rush, a PMERJ agiu literalmente na contramão de direção, bastando alguns PMs dispostos a estragar a iniciativa do DER, fruto de meritório esforço despendido no planejamento e na execução da útil medida (todos os “pardais” cobertos com plástico escuro e os controladores eletrônicos cobertos com plástico branco, com a informação “desligado”). Enfim, fluxo livre de veículos para evitar congestionamentos.


Depois a briosa reclama de ninguém dar atenção aos seus integrantes baleados diariamente, e muitos deles gravemente feridos ou mortos por ferozes bandidos ainda dominando áreas que vêm sendo pacificadas por UPPs ao custo de muito sangue. Ora, como e por que reclamar?... E mais reclama a PMERJ de muita gente vir a público defender sua extinção, menoscabando seu valor na manutenção da ordem pública. Ora, ora!... É indiscutível que qualquer congestionamento por si só é fator de desordem, indica algum incidente em vias urbanas e rodovias a demandar ações policiais no sentido de solucioná-lo. Portanto, quando a PMERJ está a produzir a interrupção deliberada do tráfego, sem qualquer objetivo prático e legítimo, ela o está desordenando quando deveria ordená-lo, como o fez o DER em boa hora e em vista do bem-estar dos cidadãos.

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