É assim
mesmo plural de blitz, podem conferir no Aurelião. E no caso da PMERJ se insere
no contexto excepcional das ARep (Ações Repressivas), ou seja, exceção à regra
do policiamento preventivo e prestador de serviços. A ARep é típica ação de
“força de segurança”, missão secundária da polícia administrativa, já que a
missão precípua, segundo as leis e a doutrina, é a de polícia preventiva. Na
prática, todavia, é diferente, a PMERJ faz blitze em tudo que é canto e muitas
delas sem quaisquer indícios de necessidade operacional e de respeito aos
cidadãos. Nem vou comentar os muitos exemplos ocorridos comigo, e decerto com
muitos companheiros da PMERJ que fazem as suas blitze e volta e meia são
travados no seu direito de ir e vir pelo mesmo motivo por que o pararam:
nenhum.
Hoje,
exatamente hoje, um sábado de sol causticante já pelas nove horas, saí de casa
(Maricá/RJ) com destino a Niterói, em percurso de mais ou menos 70 quilômetros.
No meio da viagem, lá estavam as viaturas do BPRV (duas ou três) bloqueando a
pista de subida, deste modo afunilando o tráfego de veículos e gerando um
engarrafamento monstruoso. Tudo pelo motivo a que antes me referi: nenhum. Pior
é que os diligentes PMs sempre estão ali, no mesmo lugar, fazendo a mesma
coisa, o que me permite assegurar que se trata de alguma ordem anacrônica que
persiste no tempo a troco de nada de coisa alguma. Na verdade, resiste até a
mudança de comando...
Depois a
instituição reclama da má vontade do povo, que quer extingui-la por muitos
motivos relevantes, bastando aqui lembrar que o atual modo operacional da
corporação vem matando PMs como jamais se viu na sua bicentenária história. E
também vem ceifando a vida de inocentes, como foi o caso da jovem Haíssa, que
morreu pelo mesmo motivo que impulsiona as blitze: nenhum. E segue a caravana
da desgraça, ora matando um menor, ora matando
PMs, e, principalmente, insistindo no seu falido modelo de ação como
aqueles burros presos à mesma corda, cada qual tentando alcançar a sua moita de
capim em posições norte e sul. E morrem de fome...
Não sei
ainda como não surgiu um membro do Ministério Público com discernimento e
coragem suficientes para impedir essas blitze produtoras de congestionamentos
enormes, em vez de fazer fluir o tráfego, papel precípuo e preventivo da PMERJ.
Não sei se alguma autoridade com poder decisório já amargou esses
congestionamentos nas rodovias do RJ, nos moldes do que vi hoje quando descia
(graças!) na pista livre e contrária. Impossível imaginar que ninguém reclame na
justiça, na mídia, ou até ao Papa, o seu sagrado direito de ir e vir. Ou se o
fazem e a justiça ignora. Não sei...
Sei, porém,
que essas blitze, como a que hoje assisti, não possuem nenhuma justificativa, a
não ser a subjetiva hipótese de que possa existir algum “infrator do trânsito”
dentre milhares de famílias que buscam se deslocar num fim de semana para o
lazer, e de repente são estacadas por horas a fio, debaixo da canícula, com
suas crianças desesperadas, os adultos sem o direito de buscar um banheiro para
desafogar suas incontinências urinárias, enfim, todos literalmente assados
dentro de seus carros, que não podem avançar nem recuar para lugar algum.
Exceto aqueles que desistem de seguir ao lazer e pegam o primeiro retorno
esquecendo-se do que planejaram gozar com a família, muitos até reservando
locais com o sacrifício de gasto extra.
Difícil...
Até eu já começo a achar que é melhor extinguir, mesmo, esse modelo burro de
lidar com a sociedade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário