quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A presidenta e o traficante executado na Indonésia



“O tolo não vê a árvore que o sábio vê.” (William Blake)

Eis um tema que precisa ser avaliado e reavaliado sob muitos ângulos de raciocínio em virtude das pressões da presidenta Dilma, por ela pessoalmente endereçadas ao presidente indonésio, em inusitada defesa dum contumaz traficante internacional de drogas.

O estranho empenho da presidenta em favor do traficante, e a solidariedade manifestada à família dele, demais de suas ameaças de cortar relações diplomáticas com a República da Indonésia, sugerem que talvez o recado dela tenha outros destinatários mais importantes. Afinal, não nos podemos esquecer de que o brasileiro, pelo que já se sabe, situava-se num atacado que fica quase na ponta do varejo. Todavia, a quantidade de cocaína apreendida em seu poder não foi nada se comparada ao consumo diário de muitas favelas do RJ. Portanto, ele pode ser considerado sem erro como “mula”, ou seja, apenas um dentre muitos brasileiros a praticarem este arriscado labor criminoso, inobstante a severa vigilância dos aeroportos internacionais. Lá mesmo, na Indonésia, há mais um tupiniquim na fila do abate, e hoje se sabe, por via do relato de uma escritora e jornalista australiana, que o tráfico de drogas feito por brasileiros com destino à Indonésia vem de longe e mui intensamente. Risco calculado...



A questão é saber se os afoitos traficantes internacionais são “mulas” de quem?



A pergunta nos remete aos nossos vizinhos (Bolívia, e seu presidente assumidamente “cocaleiro”, e Colômbia com suas FARCs aliadas aos megatraficantes colombianos). Ora, os afagos do PT e de outros partidos de esquerda aos “companheiros” são inegáveis e bem maiores que seu inverso. O Brasil puxa literalmente o saco desses países produtores de matéria-prima da cocaína, um dos mais violentos estupefacientes que se conhece. E não por acaso essa turma simpática ao tráfico se integra ao Foro de São Paulo, cujo local de encontro de seus participantes, dentre os quais as FARCs, é o sagrado solo pátrio.

Bem, muitos dirão que tresvario, e pode ser que sim, pois este mundo do tráfico é meio surreal na medida em que as dezenas de trilhões de dólares/ano são amealhados por traficantes, da produção da matéria-prima ao comércio dos papelotes. E decerto os elevados cifrões tomam destinos inconfessáveis, dentre eles a possibilidade de os megatraficantes comprarem votos para políticos amigos por meio do incontrolável “caixa-dois” de campanhas eleitorais. Cá entre nós, negar que seja remota esta possibilidade no Brasil é piada!

Daí é que, encerrar o assunto como se o gesto brasileiro capitaneado pela própria presidenta e seus apaniguados da diplomacia fosse exclusivamente “humanitário”, significa assinar atestado de ingenuidade pura. Porque toda a indignação dela pelo não atendimento ao seu apelo à Indonésia decerto tem um sentido bem mais amplo, não se reduz à vida humana do traficante em si. Afinal, a se indignar por vida humana, melhor seria que ela focasse a menina de quatro anos e o menino de dez anos atingidos por balas perdidas na periferia do Rio de Janeiro, capital, situação real bem mais grave que a execução dum bandido de elevada audácia.

Enfim, não engulo o assunto nos termos até agora cautelosamente divulgado pela imprensa brasileira, e confesso meu espanto com a reação da deputada federal Maria do Rosário, que, ao que mais parece, jogou a sua “pérola” na cabeça da presidenta. Mas falou o devido, pois seria o fim da picada tratar as cinzas de um bandido como se ele tivesse seu inglorioso fim determinado por alguma luta justa. Mas insisto na comparação do gesto presidencial em favor do traficante internacional, – decerto preposto de produtores colombianos ou bolivianos, – com o estrondoso silêncio governamental no caso das crianças mortas em razão da violência promovida pelo tráfico no Rio de Janeiro. E nem me vou estender à Baixada Fluminense para citar a execução gratuita de uma senhora de 64 anos e de um jovem de 24 anos, ambos no interior duma sorveteria tentando “praticar o crime” de tomar sorvete.

3 comentários:

Paulo Xavier disse...

Bom dia Cel Larangeira.
Tudo o que foi dito pelo sr nesse texto é verdade, como também é verdade o que foi escrito pela jornalista Regina Oliveira no jornal online Macaenews.com.br quadro Panorama sob o título "brasileiro fuzilado". Vale a pena ler, como creio que se a presidenta Dilma lesse o texto mudaria de opinião sobre o perdão àquele traficante.
Um afetuoso abraço e um ótimo final de semana a todos.

Anônimo disse...

Emir disse:

Caro Paulo Xavier


Não creio que a presidenta estivesse preocupada com o destino do traficante nem que tenha ficado "indignada" com a execução. Não sei se você notou, a reação dela, claro que simpática aos países produtores de coca (Bolívia, Colômbia e Equador) se estreitaram muito nos últimos dias por conta da megalomaníaca ideia de criarem no Cone Sul uma República Socialista nos moldes da que o Sr. Leonel Brizola apregoava, como o fez em 1962 com a Carta de Goiânia e a sugestão de criação do Exército de Libertação Nacional a partir de uma Frente de Libertação Nacional. E ninguém mais lembra que Dilma é cria de Brizola e adepta das ideias dele. Ela jogou para a plateia representada pelos "companheiros" traficantes desses países que comandam a política e as FARCs colombianas. Há mais caroço neste angu do que sonha a vã filosofia...

Anônimo disse...

Emir disse a Paulo Xavier: É possível me mandar o artigo da jornalista macaense?