Fonte: Jornal O GLOBO
de 11 de novembro de 2014.
A notícia alardeia o número de mortos por policiais, porém não faz o
mesmo para demonstrar uma contrapartida que sugira ser a violência pátria uma incontrolável
via de mão dupla cujo fim depende de muitas providências não policiais. Enfim,
morreram 11.197 pessoas pelas armas policiais entre 2009 e 2013, segundo consta
na 8ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Tal alardeio, porém, injustificadamente
se amplia ao se buscar comparação reducionista com os EUA, ambiente social que
nenhuma relação tem com a realidade brasileira.
Para confundir ainda mais o raciocínio, ao grafar o número de policiais
mortos no mesmo período (1.170), a pesquisa (ou o veículo de comunicação) faz
questão de situar essas mortes em distintas condições (dentro e fora do
serviço), como se valesse considerar apenas os mortos em confronto, deixando no
ar o restante das mortes, quase que as aceitando como “normais”. Não são
normais!
Tal fato, no meu modo de ver, desmerece a análise dos dados. Numa
sociedade isenta, o mais alarmante deveria ser a absurda quantidade de
policiais mortos, ou, pelo menos, o absurdo posto em sua totalidade, vista a
violência como efeito não apenas de ações policiais. Outra prova desta “síndrome
tupiniquim” é o destaque para os 416 mortos pela polícia no RJ, em 2013, sem se
referir à contrapartida deste número do outro lado da trincheira daqui mesmo.
Afinal, quantos policiais morreram no RJ em 2013?...
Seria melhor que o estudo comparasse Brasil com Brasil, Estados
Federados com Estados Federados, Municípios com Municípios, instituindo-se outros
paradigmas compreensíveis, tais como efetivos policiais de outrora e de agora,
aumento populacional em proporção ao aumento dos efetivos policiais,
tecnologias disponíveis etc., sempre comparando o antes com o depois (períodos).
Ainda alguns paradigmas nacionais poderiam ser utilizados: evolução da massa
carcerária, evolução das leis penais e processuais penais, sistemas nacionais
de controle do tráfico e do uso de drogas, enfim, situações inteligíveis e
atentas à nossa própria cultura.
Ora bolas! Comparar o Brasil com os EUA não tem graça, bem como não
teria graça alguma comparar dados brasileiros com mexicanos, russos, chineses,
cubanos, jamaicanos etc.
5 comentários:
Existe uma gravação do repórter alexandre garcia que diz quase a mesma coisa,numa entrevista. A imprensa precisa implantar o caos para que os governantes justifiquem a aprovação de medidas que venha a controlar cada vez mais a sociedade.
Emir disse;
Ouvi a gravação do Alexandre Garcia, que se completou ainda mais com os dados que ele apresentou. Muito boa a fala dele. Incrível é que nenhum porta-voz de PMs se pronunciou.
Nosso porta voz eh o mesmo que os seus antecessores. Eh impossivel imaginar que ele consiga mudar algo em apenas 45 dias que faltam pra encerrar o ano. Para mim eh uma utopia.
Que moleza!!! Encerrar a carreira como cmt geral e receber aquela verba a mais no contra cheque. Corregedoria só para praças que trabalha na atividade operacinal.
Quem sabe ele permanece?
Como? Se isso acontecer o descrédito e a crise só vai aumentar devido já ter sido divulgado por toda a imprensa.
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