terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Reflexão do TCel PM Paulo Fontes

REVISTA VEJA
BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Comentário de Paulo Roberto dos Santos Fontes * na matéria:
08/02/2013 às 23:10
Caro Reinaldo,
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Algumas pessoas quando encontram comigo me desejam um feliz carnaval e eu fico pensando como pode haver um carnaval feliz se neste país estamos vivendo uma tragédia diária, um drama humano sem fim, com milhares de mortes no trânsito, adultos, jovens e crianças usando crack e perambulando  pelas ruas como mortos e vivos. Há desemprego em massa, fome, miséria, analfabetismo; há falta de saúde, educação, habitação decente, saneamento básico, e há sobras de corrupção praticada por altos funcionários públicos, políticos em todos os níveis da administração federal, estadual, municipal, por empresários acumpliciados com esses últimos numa farra de dinheiro público, que segundo a ONG Transparência Global já alcançou a marca de R$ 780 bilhões nos últimos dez anos (governo do PT) e transformou nossa Pindorama  numa “Roubocracia” ou “Cleptocracia”, tanto faz. Aqui a  corrupção sem freio é um Boeing que voa livre em céu de brigadeiro e não será fácil, senão impossível, fazê-lo  aterrissar.
O crime é uma epidemia  feroz que assola este indigitado país onde a morte tornou-se banal e as taxas de homicídios, se é que podemos falar assim a respeito de seres humanos, são as mais altas do mundo, e a sociedade dopada pelas drogas ilegais e legais, anestesiada pelo futebol e UFC nas caquéticas manhãs, tardes e noites de domingo, lobotomizada pelas novelas diárias o dia inteiro e pela propaganda da mídia vendida a soldo do “paitrocínio” oficial, com as exceções  que conhecemos, não reage. Vai à passeata gay, mas não reage. Vai à passeata  a favor da maconha, mas não reage. Vai aos cultos evangélicos, mas não reage. Entope os estádios de futebol, mas não reage, invade a USP e outros campus, mas não reage.
Criminosos comandam ações terroristas, de dentro ou fora das penitenciárias do país, contra prédios públicos; incendeiam ônibus com pessoas dentro, matam policiais e cidadãos e nada acontece, nenhuma medida enérgica para conter essa onda de crimes, e o governo ainda paga auxílio reclusão, no valor de quase  mil reais para as famílias desses bandidos.
Inclusive o futebol mundial está sob suspeita de fraude por arranjo nos resultados mesmo nas competições mais importantes como eliminatórias do Campeonato Mundial, Copa da Europa e outros menos importantes, ou seja,  o pobre do coitado, que já não recebe lá esse salário, vai ao estádio torcer pelo seu time, gasta uma grana e não sabe que está sendo enganado. Isto é o fim da picada!
A última desse desgoverno que está montado no poder há dez anos, não satisfeito em conceder bolsa de tudo quanto é tipo, inclusive, pasmem, a bolsa reclusão, é a de fornecer aos habitantes do interior uma “bolsa novela”; e faz todo o sentido, porque vai que surge um novo Antonio Conselheiro  que,  já sabendo que o sertão virou mar, vide Sobradinho, Remanso, Casa Nova, Sento Sé e Pilão Arcado, se levante contra esse estado de coisas, e estará criado um problema para o(a) mandachuva do país da Bruzundanga, conforme definiu magistralmente Lima Barreto.
 A intenção  do mandachuva é que no final do processo qualquer opositor diga para o seu algoz, o Big Brother: ”Eu te amo”, da mesma forma que fez aquele personagem criado por George Orwell no seu clássico “1984”,  já sem força para reagir diante da Novilíngua, que confundia o sentido das palavras, das mentiras contadas pelo Ministério da Verdade, à semelhança do que fazia Joseph Goebbles, Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, e qualquer coincidência com  o PT de Pindorama é vera semelhança.
Na minha opinião nada representa melhor os políticos brasileiros do que  a visão que o Profeta João teve dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse no Livro da Revelação, personagens descritos na terceira visão profética. Os quatro cavaleiros do Apocalipse representam a Peste, a Guerra, a Fome e a Morte. Sim são eles, os políticos, os culpados pela tragédia social brasileira.
 Se os governantes de Tupinicópolis tivessem um pingo de vergonha na cara, além do burocrático luto oficial  suspenderiam os festejos de Carnaval em homenagem aos mais de 240  jovens mortos na tragédia anunciada de Santa Maria, onde a mistura de poder, impunidade e corrupção mantiveram abertas as portas sem saída do inferno chamado boate Kiss; desapropriariam o local e construiriam um memorial em honra aos jovens martirizados. Mas a dinheirama que rola por detrás dos festejos carnavalescos,  oficial ou não, inclusive a caixa 2, é grande demais e faz a alegria de poucos.
Se os políticos brasileiros tivessem o mínimo de pudor fariam a mesma coisa e não desviariam para as suas cuecas, malas ou paraísos off-shores os recursos destinados pelo governo federal para socorrer as vítimas da tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro, em Janeiro de 2011, quando nenhuma casa foi construída e nenhum benefício foi concedido
Se quisessem verdadeiramente servir ao povo que lhe paga os salários mudariam a Lei de Execuções Penais e acabariam com a progressão indecorosa de regime para crimes hediondos e contra a administração pública como peculato, concussão, prevaricação, corrupção passiva a ativa, extinguindo também o triplo grau de recurso (TJ, STJ e STF).
Se houvesse oposição verdadeira neste país aquele senador do PMDB,  partido ao qual se referiu  Ciro Gomes como sendo “um ajuntamento de assaltantes cujo chefe é o vice-presidente”, e ninguém ousou dizer o contrário, seria impedido de assumir o cobiçado cargo de presidente do Senado. Mas o que existe  por aqui é  “CONCHAVÃO”, onde  o principal (?) senador da oposição, aquele que foi apanhado na operação lei seca como se fosse um playboy habitué da night carioca, finge para a população que pratica o seu mister, mas por detrás dos panos “tá tudo dominado”. E ainda quer ser presidente da República. Durma-se com um barulho desses! 
 O Congresso Nacional composto por senado e câmara federal pode ser tudo menos a casa do povo, e  se quisesse servir ao contribuinte brasileiro trataria de votar a famosa Constituição do Capistrano de Abreu, com apenas dois artigos:
‘Art. 1º – Todo brasileiro será obrigado a ter vergonha na cara
Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário.’
Já seria um bom começo!
Mas é carnaval e a  população tem fome de circo, mas para mim a impressão que fica é que estamos vivendo aquilo que Vinícius de Morais e Carlos Lyra conseguiram definir na bela e triste canção Marcha de uma Quarta Feira de Cinzas:
“Acabou o nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais
Brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas
Foi  o que restou.”


* Paulo Roberto dos Santos Fontes é oficial superior da PMERJ

Um comentário:

Paulo Xavier disse...

Antes de tecer meu comentário, gostaria de citar que não sou militante de nenhum partido político; tampouco me simpatizo por nenhum desses que existem por aí.
Como cidadão livre e democrático gostaria de dizer que não é justo imputar todas essas mazelas sociais do nosso país, aos governos dos últimos dez anos, como fica bem explícito no quinto parágrafo do texto.
O auxílio-reclusão por exemplo foi instituído em 1991, portanto há mais de vinte anos e este governo que aí está apenas cumpre o que determina a lei.
Sobre corrupção, desemprego, miséria, analfabetismo, problemas na saúde, habitação e outras mazelas que me fogem à memória; me parece que todos esses problemas começaram a surgir por aqui no dia 22 de abril de 1500.