quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mudança de regras no Auto de Resistência Se existe algo que consegue agradar em demasia à polícia ou acirrar em excesso a ira dos que lhe são contrários é o Auto de Resistência. Lembrando um aforismo, – “o excesso de tudo é um defeito”, – ambos os lados estão tratando o polêmico assunto nos seus extremos, o que não é bom. Também para atear fogo à polêmica, lembro aqui o Marquês de Maricá: “A ordem pública periga onde não se castiga”...

A questão, no fim de contas, é de equilíbrio numa balança de muitos pesos e contrapesos e alguns dedinhos espertalhões movendo para baixo ou para cima um prato ou outro. Por esse desequilíbrio respondem os que se excedem na defesa do Auto de Resistência e os que excessivamente sonham com a covardia da polícia ante os criminosos, estes que, por sinal, portam fuzis de última geração e matam policiais como se fossem alvos de treinamento para alguma competição. Paradoxalmente, muitos dos que almejam uma polícia acovardada são os primeiros a armá-la com os mesmos fuzis dos bandidos, não se importando com nenhum treinamento sistemático no sentido de garantir aos policiais, nos confrontos, eficiência e eficácia, sujeitas, porém, aos limites excludentes de criminalidade. Como se vê, um difícil senão impossível equilíbrio...

A verdade é que coibir Auto de Resistência é fácil, assim como insinuar os excessos da polícia agrada à imprensa, e este é o caminho por onde percorrem os imediatistas e prosélitos, incluindo os eventuais ocupantes do poder político. Esquecem-se todos de que aqui no Rio de Janeiro, a exemplo do que atualmente ocorre em São Paulo, o excesso de rigor contra ações policiais (lembram-se do brizolismo?...) só fez antes e faz agora fortalecer o crime organizado do tráfico de drogas e de armas. E deste modo, tanto lá em SP como cá no RJ, e em épocas diferentes, assistimos a uma polícia acuada pelas autoridades públicas, para gáudio dos bandidos, que aproveitam o vento a favor para ampliar seu poder incontrolável e de lambuja matar policiais.

A matéria de hoje mostra uma tendência à pressão pelo acovardamento da polícia, em especial da polícia que atua fardada, sem temer riscos letais e prisões administrativas ou judiciais. Enfim, nenhuma vantagem prática. Por outro lado, a omissão gera as mesmas críticas efusivas, ficando a polícia sem paradigma operacional ideal, para azar duma população, sem voz, que sofre com a violência excessiva ou com a omissão exagerada, duas situações interessantes ao bandido, para o qual tanto faz como fez, ele não se preocupa com as consequências dos seus atos. Enfim, é o tipo de situação onde o excesso não leva a nada, ou melhor, leva ao defeito de a polícia simplesmente pôr o rabo entre as pernas, não diante de marginais, mas do próprio sistema que a arma com fuzis de guerra ao mesmo tempo em que lhe exige parcimônia no seu uso, embora não lhe propicie o devido treinamento, e, mesmo se o fizesse, não eliminaria o risco da bala perdida saída do fuzil especificamente fabricado para eliminar o inimigo nas guerras de mundo afora.

Já disse algumas vezes que não é o tamanho nem o potencial efeito da arma o meio de intimidação do bandido, mas a certeza deles de que o policial o alcançará com um tiro certeiro até de garrucha, combleia, perereca ou cu de boi (pistolas de carregar pela boca)... Mas é o Estado, impessoal, que determina ao policial o uso da arma de guerra mesmo reconhecendo a sua letalidade. Enfim, não é o policial que a escolhe. Portanto, exigir-lhe situar-se num equilíbrio de forças impossível e puni-lo a partir dessa exigência é absurdo. Afinal, se querem mudar a cultura da violência que mudem a cultura operacional, e, principalmente, que os fuzis sejam retirados das mãos comuns dos policiais e permaneçam apenas como armas destinadas a atiradores de escol, estes que disparam somente mediante ordem. Sim, o importante é que o policial comum seja exímio atirador de armas curtas, condição suficiente, na maioria dos casos, para vencer o bandido até armado de fuzil, e que também, como ele, policial comum, não sabe atirar. Na verdade, falta a ambos o treino sistemático. Mas o bandido não se preocupa com o crime que pratica, diferentemente do policial, que não quer praticar crime algum; mas os fuzis do Estado levam-nos ao excesso, que é um defeito. Seriam do policial o excesso e o defeito?...

Conclui-se, pois, que mudar leis e nomenclaturas não resolverá o problema dos excessos geradores dos Autos de Resistências. É puro mito, mais um a beneficiar criminosos por meio da inibição solene da polícia, esta que enfrenta a morte em exagero no seu dia a dia, sendo os policiais chorados apenas por familiares e amigos, eis que são imediatamente esquecidos pela imprensa e por uma desatenta e conformada sociedade tangida a dogmas e ideologias rasteiras, irreais e apodrecidas, em nome duns tais direitos humanos que, enfim, protegem bem mais o facínora que o cidadão ordeiro e produtivo, e bem menos os policiais...

2 comentários:

Reynoso Silva Cidadão Bombeiro... disse...

falou tudo!

Paulo Xavier disse...

...e tenho a certeza que ainda assim haverá abnegados policiais que não se omitirão diante do crime. As suas consciências lhe dirão que proteger a sociedade e combater a criminalidade é preciso.