domingo, 25 de novembro de 2012

A pujança do tráfico

A longa matéria publicada no O GLOBO de hoje, domingo, 25 de novembro (peço desculpas pela péssima reprodução e sugiro a leitura direta do jornal), confirma o que eu já dissera aqui sobre a articulação sistêmica do crime organizado nos Estados Federados ao abordar a violência em São Paulo e Santa Catarina. Ressalvando em estupor a insolente negativa de alguns Estados por questões políticas ou vaidades pessoais, a verdade é que o narcotráfico tem sido o principal aglutinador de facções criminosas desde a década de oitenta. Agora apenas se confirma o óbvio: nada existe no mundo isoladamente, tudo é sistema e o comércio ilegal de drogas continua a ser o melhor negócio do mundo, sendo certo que o movimento financeiro desse submundo específico só no Brasil é de talvez mais de um bilhão de dólares/ano e não apenas de alguns milhões/ano. É dinheiro demais que troca de mãos e enriquece muitas gentes do mundo oficial, algo que também não se pode negar, a cobiça humana não nos permite tal ingenuidade. 

Sem muito me alongar, fica aqui a ideia de que os sistemas oficiais deveriam aplacar suas vaidades e outros interesses de natureza política para atacar de frente um problema que, claro, é nacional e decorre duma macrocriminalidade transnacional poderosíssima e que ainda se associa ao tráfico de armas de guerra. Essa história de que um Estado ou outro estaria fora do sistema multinacional criminoso representado por esses dois tipos de crime (tráfico de drogas e de armas) é pura ficção, e a desculpa mineira chega a ser patética... Também a sociedade precisa acordar para a sua responsabilidade e mais se ligar no problema que está na porta de todos os lares brasileiros, inclusive nas modernas “fortalezas” representadas por condomínios fechados que mais parecem “queijos suíços” em se tratando do uso de drogas entre jovens e adultos aparentemente protegidos por “muralhas” e “seguranças”, com a vantagem de a polícia raramente incomodar: ela não existe para atuar em propriedades particulares e esses condomínios geralmente acolhem muitas gentes graúdas, é melhor não se arriscar a perder o emprego, ainda mais que abundam nas ruas os miseráveis igualmente traficantes e consumidores de drogas, em especial de crack, e em tal proximidade que não dá para separar o joio do trigo...

Um comentário:

Paulo Fontes disse...

Caro amigo Larangeira,
E por falar em Hiroshima...

A rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
Vinícius de Morais